Monday, November 9, 2009

Abertura Tamara Andrade - "o mergulhador"
















Esta é a segunda individual da artista Tamara Andrade na galeria Baró Cruz, que inaugurará no dia 14 de novembro.

“Mergulhador” é o título de uma instalação composta de uma série de desenhos gravados em placas de vidro, montados sobre estruturas de metal e distribuídos pelo espaço expositivo do 2° andar da galeria.

O título da exposição remete às imagens gravadas nos vidros, mas também à postura necessária ao espectador para olhar os trabalhos: as peças estão expostas a poucos centímetros do chão, e os desenhos parecem misturar-se a ele.

A ausência da figura humana foi uma característica importante dos trabalhos anteriores. Entre 2003 e 2006, abstendo-se de apresentá-la, os desenhos bordados em branco e preto priorizavam a estrutura material do ambiente familiar, levantando dúvidas em relação à ordem das coisas.

Neste sentido esta exposição é um aprofundamento, um deslocamento do olhar visando aproximá-lo ainda mais do contexto doméstico, permitindo encontrar nele o corpo humano, o lugar onde habita o espírito.

O corpo está apresentado ao mesmo tempo como estrutura única e em partes, para dispor em imagem a noção de que ele é também um ambiente líquido, sujeito a mudanças, ciclos, fluxos, humores.

Os cientistas classificam o vidro como um sólido amorfo, algo como um sólido quase líquido, um meio-termo entre esses dois estados físicos. Por tal imprecisão, e do mesmo modo como é imprecisa a representação da água, este pareceu ser o material ideal para receber o mergulhador e aproximá-lo do espaço expositivo.

A transparência do vidro presta-se a ligar as imagens ao ambiente da exposição. As imagens mergulham na opacidade do chão ao mesmo tempo em que se descolam dele. No desenho em si, a transparência assume outra função, a de revelar ossos ou órgãos, subvertendo a ordem das camadas abaixo da pele.

É possível traçar paralelos com algumas fontes históricas, como os desenhos de estruturas de Marcel Duchamp, os estudos de anatomia de Leonardo da Vinci, com as fragmentações de imagens muito recorrentes na série de fotografias de piscinas de David Hockney, com a obra Gambling, de Ana Maria Tavares e até mesmo com alguns registros fotográficos dos trabalhos de Dan Graham.

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